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Projeto Mangue Baja

Por Gilson Edmar - vice-reitor da UFPE
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Um grupo de abnegados professores do Departamento de Engenharia Mecânica do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) da UFPE criou um projeto, denominado Mangue Baja, com o objetivo de ensinar aos alunos da graduação os princípios da engenharia automotiva. Os professores Carlson Antônio Mendes Verçosa, Dário Pessoa Ferraz e José Laurênio Accioly Filho vêm se dedicando a este projeto com entusiasmo e competência, como verdadeiros mestres, transmitindo conceitos para a formação profissional e de futuros cidadãos.

Os estudantes que participam do projeto são chamados de bajeiros, existindo já a categoria de ex-bajeiros, ou seja, aqueles que já concluíram o curso, mas jamais se desligaram deste projeto educacional.

O baja é um carro, no modelo off-road, que pode ser construído com a finalidade de ser utilizado no meio rural ou como veículo esportivo, que é a opção do grupo do CTG. São fabricados dois veículos novos a cada ano, com aperfeiçoamento do modelo. Inicialmente, é elaborado um projeto com a participação de todos os integrantes da equipe. A partir daí, são construídos todos os componentes do veículo. São estabelecidas parcerias para viabilizar financeiramente o projeto e para a aquisição das peças especializadas. Participam também alunos do Departamento de Eletrônica e Sistemas, ajudando na parte elétrica e eletrônica do veículo, como por exemplo o painel de informações para o piloto.

O mais importante do projeto é a motivação que os três professores (Carson, Dário e Laurênio) transmitem aos estudantes. É admirável a dedicação destes jovens durante todo o processo de construção, permanecendo no laboratório fora dos horários escolares, aprendendo na prática as nuances desta atividade automotiva. São eles que testam e aperfeiçoam o veículo. Todos têm uma visão global do produto, entretanto, se dividem em grupos, cada um deles responsável por um segmento de cada carro, liderados por um capitão para cada equipe.

Anualmente ocorre uma competição envolvendo as universidades brasileiras que possuem este tipo de projeto. Foram até agora 16 versões da competição, que sempre ocorre no Estado de São Paulo. A UFPE vem participando há 11 anos. Em 2009 se comemorou os 10 anos do nosso projeto Mangue Baja.

Este ano, fui para Piracicaba participar da competição, como torcedor. Fiquei emocionado e orgulhoso de termos na nossa UFPE uma equipe de professores e estudantes que dignificam a nossa instituição. Na competição é analisado o relatório de construção, é avaliada a apresentação e defesa do projeto e são realizadas provas específicas do veículo: segurança, conforto, aceleração, velocidade, resistências a obstáculos e um enduro de quatro horas de duração. Sempre estivemos nas melhores colocações, em relação a todas as universidades e sempre fomos a melhor do Norte e Nordeste do Brasil.

Mas, não é só isto que me sensibilizou. Foi o sentido de responsabilidade dos nossos jovens, trabalhando noite adentro para termos um carro competitivo, o sentido de equipe, sendo cada grupo responsável por um segmento, para que o todo atingisse o nosso ideal, o entusiasmo pelo trabalho desempenhado, e a competência em corrigir eventuais problemas que ocorrem em provas de grande impacto, com a rapidez e a competência necessárias para não prejudicar a nossa posição no enduro. Todos estes atributos serão indispensáveis, aos nossos estudantes, na vida profissional. É por isso que as montadoras dão preferência, na contratação de engenheiros, aos ex-bajeiros.

Extraordinária, também a integração com as famílias, participando pais, mães e outros familiares das nossas angústias e conquistas. Além disso, contribuem com a preparação de um sopão, para que os bajeiros possam fazer seu trabalho, até altas horas da noite, bem alimentados. Ressalte-se a participação ativa e afetiva de Adelson, o Dudu, motorista do caminhão que transporta os veículos e os equipamentos.

O grupo vem executando o planejado, nas máximas condições que dispõem em infraestrutura. A nossa instituição, com certeza, oferecerá mais, para que possam subir de patamar: financiamento adequado, bolsas para os bajeiros e infra-estrutura de laboratórios compatível com a competência e dedicação do grupo. Com isto, teremos carro para disputar com os melhores do Brasil, vencendo as próximas competições para orgulho de todos nós. Parabéns, Carlson, Dário e Laurênio e todos os “bajeiros” e ex-bajeiros da UFPE.

Publicado na edição do dia 27 de maio de 2010 do Jornal do Commercio
Data da última modificação: 31/10/2016, 10:24

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