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O Instituto Recife

Por Gilson Edmar - vice-reitor da UFPE
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Os locais onde estudamos deixam, em cada um de nós, uma agradável recordação, que nos acompanha durante toda a nossa vida e trazem de volta bons momentos. Os professores rigorosos e exigentes são vistos hoje como necessários e bondosos. Os colegas nos transmitem uma grande alegria, quando do reencontro anos depois, por entendermos que fazem parte da nossa história.

Por tudo isto gostaria de compartilhar com todos, os bons momentos que vivi durante o início da minha formação.

Tudo começou em casa. A prática de construirmos brinquedos do nada fazia desenvolver criatividade e coordenação. Iniciei o processo de alfabetização com minha tia Clory, devido a uma pneumonia, que retardou meu ingresso no meu primeiro colégio, pois o tratamento, na época, era bastante precário e longo.

Logo que foi possível, fui matriculado no Instituto Recife, onde fiz todo o curso primário. O colégio era dirigido pela sua proprietária, a extraordinária Eulália Fonseca, a nossa sempre querida Lalu. Professora de didática da Escola Normal, posteriormente Instituto de Educação, modernizou o projeto político-pedagógico, tendo, anos depois de aposentada, sido homenageada pelas concluintes, face ao seu trabalho. Lalu introduziu no Instituto Recife uma metodologia pedagógica oriunda da sua experiência e das suas andanças pelo exterior.

Além dos conteúdos, que eram ministrados com eficiência, tínhamos treinamento nas artes plásticas (pintura, confecção de quadros em vidro e em madeira). No final do ano era organizada uma exposição com o trabalho dos estudantes, orgulho de cada um de nós e dos nossos pais. No ensino da música criou uma banda de percussão e um coral, que se apresentavam nas festas do colégio. Numa das suas viagens trouxe um conjunto de flautas doces ("taunette", como ela chamava) e introduziu um grupo de alunos nesta original iniciativa musical. Nas épocas das festas recifenses, especialmente no São João, organizava grandes eventos, ensinando aos estudantes, devidamente caracterizados, as danças do nosso folclore: quadrilha, coco, entre outras. Ainda tínhamos sessões de cinema, para adquirirmos o gosto por este tipo de arte. Anos depois, quando coloquei meus filhos na Escola Mater Christi, também um colégio avançado do ponto de vista pedagógico, observei que muitos dos métodos daquela época eram ainda usados, porém com ferramentas e técnicas modernas.

Lalu nos alfabetizava e nos preparava para o exame de admissão. Tinha a ajuda para o ensino das outras séries de várias pessoas da sua família: Celina, Yolanda, Susy, e de outras, como Sulamita, além de umas tias minhas, Lourdinha e Eliete. O Instituto Recife manteve, durante toda a sua existência, a marca dos 100% de aprovação dos seus alunos nos exames de admissão dos diversos colégios da cidade (o "vestibular" para ingresso no curso ginasial, hoje ensino fundamental e médio).

Atrás do colégio, que se situava na Avenida João de Barros, havia o Cinema Espinheirense de propriedade de um seu sobrinho, Arnaldo. Quando o motorista da condução, que nos levava e trazia, demorava a nos buscar, corríamos para o cinema, a fim de assistir ao filme que estava passando no momento.. Era o atraso mais desejado por mim, minha irmã, Gilma, e meus primos, João, Mário e Sérgio. Quando o filme era impróprio para as nossas idades, éramos "convidados" a nos retirar e esperar no Colégio, para nossa grande decepção. Na área administrativa, Lalu tinha a colaboração de Herundina, sua parente próxima e grande entusiasta pelo seu trabalho. Morava também vizinha ao colégio, facilitando sua atuação. A farda do Instituto Recife era nas cores cinza e branco. Os meninos usavam calça curta cinza e camisa branca e as meninas saia pregueada cinza e blusa branca.

Ocasionalmente, encontro colegas daquela época, hoje profissionais atuantes, todos com gratas recordações do Instituto Recife. Da minha turma lembro do meu primo João Guilherme, dos gêmeos Maurício e Roberto Braga, de Francisco Bezerra Coutinho, Ricardo Pontual, Marita dos Anjos, Altino Ventura, entre tantos outros. Das turmas anteriores, minha irmã Gilma Eliane, Sílvio Neves Batista, Lúcia Ventura, Edson Moury Fernandes e Othon Bastos. Como seria bom um encontro nosso!

Fui transferido para o Colégio Salesiano, onde me submeti ao exame de admissão, sendo é claro aprovado, pois era aluno do Instituto Recife.

Publicado na edição do dia 06 de julho de 2010 do Jornal do Commercio
Data da última modificação: 27/10/2016, 15:02

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