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A saúde coletiva

Por Gilson Edmar - vice-reitor da UFPE
e Paulo Roberto de Santana - médico

Com projetos voltados para o desenvolvimento das diversas regiões do Estado de Pernambuco, a UFPE iniciou um processo de interiorização, de acordo com as diretrizes do então presidente Lula, para se atingir o objetivo de promover a inclusão social e difundir a educação para todos. Assim foram criados dois campus, um em Caruaru e outro em Vitória de Santo Antão, com projeto e financiamento específico do governo federal.

Para a concretização destas ações, foi fundamental a participação dos governos municipais, como parceiros deste nosso compromisso social. Em Vitória, foram colocadas à disposição da UFPE as instalações físicas necessárias à implantação de diversos cursos de graduação. Após consulta à sociedade, verificou-se uma opção para os cursos da área da saúde. Assim, foram iniciadas as atividades do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) com os cursos de bacharelado em enfermagem e em nutrição, e a licenciatura em ciências biológicas. Posteriormente, devido ao crescimento do CAV e à demanda da comunidade, foram criados os cursos de bacharelado e licenciatura em educação física, e foi proposto o curso de bacharelado em biomedicina.

Dentro destes princípios que sempre nortearam a definição dos cursos do CAV, foi sugerida por um de nós, Gilson Edmar, à diretora Florisbela Campos, a implantação de um bacharelado em saúde coletiva. O objetivo deste curso de graduação é a formação de gestores para as unidades de saúde, a fim de atuar junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto foi preparado pelos docentes do CAV, coordenado por Paulo Santana.

A saúde coletiva, como campo de conhecimento, faz parte da formação dos profissionais da saúde, no ensino da graduação, da especialização, da residência e da pós-graduação. Na graduação, é inserida nos cursos como Atenção à saúde do Brasil, saúde e sociedade, ciências sociais e saúde, epidemiologia, planejamento, avaliação de serviços e saúde comunitária.

A proliferação dos cursos na área da saúde induziu a percepção, por parte do Estado e da sociedade, da urgência de políticas eficazes no que se refere à formação de recursos humanos neste campo de atuação, que deverá promover o desenvolvimento e o crescimento do sistema de saúde. Isto leva a uma necessidade cada vez maior de formarmos gestores das unidades de saúde, nos cursos de graduação em Saúde Coletiva, objetivando suprir esta lacuna nacional.

A proposta de se graduar profissionais em saúde coletiva encontra-se efetivada em várias partes dos continentes: europeu e norte-americano, sendo discutida há mais de quinze anos no Brasil, onde a iniciativa se vincula, inicialmente, à experiência do ensino da saúde coletiva em diferentes cursos de graduação em saúde, somada à tradição da área na pós-graduação: lato e stricto sensu.

Somem-se a todos esses elementos as demandas do SUS, que precisa de um graduado em saúde coletiva, com perfil profissional que o qualifique como um ator estratégico e com idade específica, não garantida por outras graduações disponíveis. Esse graduado, longe de se sobrepor aos demais integrantes da equipe de saúde, vem se associar de modo orgânico aos trabalhadores em saúde coletiva. Segundo Carmem Teixeira, da UFBA, há necessidade de mais de cem mil profissionais para a gestão da saúde no Brasil.

Assim, o curso de bacharelado em Saúde Coletiva viria a formar um profissional que atue na melhoria da gestão das políticas e ações de saúde, atendendo às necessidades da população.

O profissional de saúde coletiva tem por competência atuar e desenvolver ferramentas estratégicas em todas as etapas do processo metodológico de gestão de saúde, seja desempenhando funções de direção, planejamento, gerência, supervisão e controle, bem como auditoria, assessoria, consultoria, pesquisa e avaliação de práticas nos sistemas, em serviços e unidades de saúde pública e privada, no contexto do SUS, na perspectiva da promoção de saúde e da melhoria da qualidade de vida da população.

A proposta ora apresentada levará a UFPE, através do Centro Acadêmico de Vitória, a se inserir neste contexto histórico e contribuir na capacitação de gestores e integrantes de equipes que exerçam, com a requerida competência, as habilidades necessárias à consolidação do Sistema Único de Saúde.

Publicado na edição de 25 de fevereiro de 2011, no Jornal do Commercio
Data da última modificação: 27/10/2016, 14:45

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