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A arte de cooperar

Por Anísio Brasileiro e Silvio Marques
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Richard Sennet, professor da Universidade de Nova Iorque, é sociólogo, historiador, romancista e músico. A abrangência desses olhares está na origem do seu livro Juntos (2012). Sennet aborda o difícil exercício da cooperação entre as pessoas. As relações humanas são naturalmente permeadas de interesses e objetivos diferentes. Daí o autor abordar o tema da cooperação como uma habilidade consistindo na "capacidade de entender e mostrar-se receptivo ao outro para agir em conjunto", de modo que nessas relações de troca todos se beneficiem. Exercício difícil, para pessoas e gestores, a identificação de terrenos comuns, a construção de consensos, a busca de convergências e gestão da discordância, mantendo-se princípios éticos. Sennet propõe o conceito de "habilidades dialógicas", que prosperam através da empatia, em que saber ouvir, colocar-se no lugar do outro, interpretar antes de falar, praticar o respeito mútuo constituem verdadeira arte de cooperação.

A universidade, instituição milenar, originada em parte da prática cooperativa das oficinas urbanas, transformadas no século 19 nos laboratórios de pesquisa, só pôde florescer através do exercício da cooperação entre saberes compartilhados. Isso, claro, não a exime, também, de ser o lugar do conflito, da polêmica. E é o confronto e o consenso de ideias que permitem o avanço do conhecimento. Construir a cooperação em torno de projetos de transformação social visando ao bem estar comum é tarefa dos gestores. Esse tem sido o tom da nossa gestão à frente da UFPE. Um desafio que, em equipe, dedicamos nossas energias.

As ações desenvolvidas em nosso plano institucional têm como foco a qualidade da formação na graduação e pós-graduação, a pesquisa e inovação em áreas estratégicas, o compromisso social através da extensão e o cuidar das pessoas. Temos consciência que esses objetivos serão alcançados por meio da motivação e do exercício da democracia e da prática cooperativa interna, junto aos atores da sociedade. Daí estarmos pondo em prática o planejamento estratégico, com diagnósticos realizados pelos pares, com criação em futuro próximo de Conselhos Gestores e de Curadores - inicialmente no Sistema de Bibliotecas, no Núcleo de Rádios e Televisão, estendendo-se ao Hospital das Clínicas e Núcleo de Tecnologia da Informação.

E mais: vivemos a construção da metodologia para o Estatuto, o Plano Diretor, o Instituto do Futuro, o Planejamento Estratégico para próximos 15 anos, além da criação do Parque Tecnológico da UFPE. Todos esses temas serão levados, ainda em 2013, ao conselho máximo da universidade. Sabemos que queremos consolidar a UFPE como uma universidade presente no mundo contemporâneo, de alta qualidade, que respeite e incentive a diversidade, rica em ideias, projetos e ações, solidária com pessoas e instituições, com olhares atentos e prioritários para África e América Latina. Para isso, toda atenção vem sendo dada ao trabalho em equipe, de modo que, através do salutar exercício da prática cooperativa, a instituição possa responder aos desafios de seu tempo.

Anísio Brasileiro e Silvio Marques, reitor e vice-reitor da UFPE                                                                           

Publicado no JC em 1º de dezembro de 2012 

Data da última modificação: 27/10/2016, 14:17

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