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Praticar exercício aeróbico pela manhã ou à tarde reduz pressão arterial de pessoas com apneia obstrutiva do sono
Pesquisa comparou efeitos da atividade física feita nos dois turnos
Por Allane Silveira
Pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS) que praticam exercícios aeróbicos têm benefícios na redução da pressão arterial central (PAC) ao fazer as atividades pela manhã ou à tarde. É o que aponta a pesquisa desenvolvida por José Lucas Aguiar no Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O pesquisador apresentou os resultados do estudo na dissertação de mestrado “Efeitos do Exercício Aeróbio em Diferentes Fases do Dia na Pressão Arterial, Modulação Autonômica Cardíaca e Severidade da Doença de Pacientes com Apneia Obstrutiva do Sono: cross-over randomizado”, defendida em fevereiro deste ano. A orientação do trabalho foi do professor Breno Quintella Farah.
A AOS é um distúrbio que causa interrupções por alguns segundos na respiração durante o sono, o que pode gerar complicações cardiovasculares. Dentre as principais complicações, estão a hipertensão arterial e alterações na modulação autonômica cardíaca. O tratamento mais eficiente para a AOS é o uso de aparelhos que promovem uma pressão positiva contínua nas vias aéreas. Porém, por se tratar de uma terapia de alto custo e baixa adesão, o exercício físico torna-se um tratamento alternativo para controle dos riscos cardiovasculares causados pelo distúrbio.
José Lucas explica que a ideia para a pesquisa surgiu a partir da tese de doutorado do seu orientador, que também aborda a relação entre exercício e apneia do sono. “Nós nos reunimos com os demais membros do grupo de pesquisa para identificar as lacunas científicas remanescentes no tema que ainda necessitavam de investigação. A partir dessa discussão, encontramos estudos sobre a influência do horário do dia em que o exercício é realizado, o que nos pareceu um aspecto interessante a ser aplicado à população com apneia do sono”, conta o pesquisador.
A partir dos achados do trabalho, concluiu-se que tanto o exercício físico realizado pela manhã quanto o realizado à tarde reduzem a pressão arterial sistólica clínica e a pressão arterial central, esta última um indicador mais preciso do risco cardiovascular. Os resultados também demonstraram que os exercícios não causam prejuízos ao sono nem impactam sensivelmente a modulação autonômica cardíaca, responsável por controlar a função do coração.
Para realizar o estudo, foram convidados 169 participantes selecionados a partir de um banco de dados do Laboratório do Sono e Coração do Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), no Recife (PE). Do total de 169 recrutados, 147 não puderam participar da pesquisa por não atenderem aos critérios exigidos no estudo, restando 22 selecionados. Os participantes deveriam ter 18 anos ou mais, apresentar diagnóstico prévio de AOS e ter hipertensão arterial controlada sem a presença de doença cerebrovascular, insuficiência renal ou arritmia. Além dessas condições, não poderiam ter limitações que prejudicam a execução dos exercícios ou estar em tratamento prévio para AOS. Foram excluídos aqueles que não completaram todas as sessões experimentais e que iniciaram algum programa de exercício físico ou tratamento de AOS durante o estudo.
Os participantes foram agrupados aleatoriamente em quatro sessões experimentais: controle pela manhã (CM), exercício pela manhã (EM), controle pela tarde (CT) e exercício pela tarde (ET). Todas as sessões foram realizadas no Laboratório do Sono e Coração do Procape entre março de 2022 e fevereiro de 2024. As sessões da manhã foram realizadas entre 8h e 11h, e as da tarde, entre 15h30 e 18h30. As sessões de exercício tiveram duração de 40 minutos e foram realizadas em esteira ergométrica. As sessões de controle consistiram em manter o participante sentado, em repouso, pelo mesmo tempo. A pressão arterial clínica e central e a modulação autonômica cardíaca foram medidas antes e depois de cada sessão. Os pacientes também passaram por uma polissonografia domiciliar com um polígrafo portátil.
“Em todas as sessões, antes do início do protocolo (exercício ou controle), os pacientes foram submetidos à avaliação dos parâmetros cardiovasculares e autonômicos, que foram repetidos ao término de cada sessão (30 minutos após a finalização). No mesmo dia, os participantes realizaram a polissonografia domiciliar, a fim de avaliar os parâmetros respiratórios do sono”, detalha José Lucas.
Sabendo-se que a prática de exercícios físicos reduz a pressão arterial, ao se analisar os efeitos do horário da prática de exercício em diferentes variáveis do sono, os resultados da pesquisa podem ajudar o paciente com AOS a aderir à prática de exercícios. O pesquisador sugere que são necessários mais estudos que investiguem o impacto de diferentes durações de treinamento no longo prazo.
Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPE
(81) 2126.3106
ppgef@ufpe.br
José Lucas Aguiar
jlucas.aguiar1998@gmail.com