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UFPE concede título de Professora Emérita para Maria Eliete Santiago
Idealizadora da Cátedra Paulo Freire, Eliete também é uma das responsáveis pela criação do Núcleo de Formação de Professores e Prática Pedagógica

A professora Maria Eliete Santiago, pesquisadora sênior do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) e coordenadora da Cátedra Paulo Freire, recebeu o título de Professora Emérita da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na quinta-feira (16). Durante a cerimônia realizada no Auditório Reitor João Alfredo, localizado na Reitoria, a docente também foi homenageada pela Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), da Cátedra, das orientadas e orientandos e da Câmara de Vereadores do Recife.
“É realmente um privilégio para mim, enquanto reitor oriundo do Centro de Educação poder presidir esse momento especial, professora Eliete, pode ter certeza”, pontuou o reitor da UFPE Alfredo Gomes no início da solenidade.
“Um dia, o professor Miguel me disse quando eu consegui o título de professora titular: ‘Eliete, foi você quem conseguiu este título, mas ele não é só seu, ele é das camadas populares’. Hoje, eu repito o mesmo: Este título é meu, mas não é só meu”, afirmou a professora emérita Maria Eliete Santiago ao começar seu discurso com uma série de agradecimentos.
“Sinto uma alegria transbordante. Uma alegria menina que tomou conta de mim desde o dia 29 de julho, quando, na Cátedra Paulo Freire, tomamos conhecimento da decisão do Conselho Universitário, que me concedia o título de professora emérita. Não contive, nem riso, nem choro. Os abraços e aplausos do coletivo da Cátedra que se seguiram fizeram a minha primeira manifestação de alegria coletiva. Senti-me abraçada ao receber cada uma das manifestações. Hoje é um dia para saudar, lembrar e agradecer. Para dizer da minha gratidão a esta Universidade e aos meus familiares, minhas amigas e amigos, às instituições e ao Universo. Sou grata ao Universo pela conspiração favorável, mesmo diante das adversidades originárias da condição de classe social, da condição de raça negra e da condição de moradora de território periférico numa sociedade excludente e desigual. Fui aprendendo em família, fui aprendendo no coletivo, a compreender e a cuidar da qualidade dessa atmosfera, a buscar positividade na pluralidade, na diversidade e nas diferenças que nos constituem nas culturas e ações. Positividade crítica, por isso, esperançosa. A busca de positividade é uma herança construída e não adquirida. Herança transmitida por Glória e Edson Santiago, que me presentearam com Hélio e Edna, meus irmãos, que formaram uma família que chega à quarta geração. Esta positividade nos encorajou e nos encoraja hoje. Meus pais, embora com uma passagem rápida pela escola, foram mestres da vida e reconheciam o valor da Educação para seus filhos e todas as crianças. Por isso, muito cedo começaram a luta para garantir o nosso acesso à educação escolar, em uma época em que a escola pública, além de espacialmente mal distribuída para a população, na periferia, nem sempre existia. Uma política perversa e sonegadores de direitos, experimentamos e enfrentamos. Com a profissionalização, a luta deles passou a ser também a minha luta”, prosseguiu.
Maria Eliete Santiago mencionou diversas passagens da trajetória dela como estudante e profissional, enquanto agradecia às pessoas que fizeram parte desses momentos. “Por que aqui trazer esses retalho de vida e de profissão? Para testemunhar que uma carreira não se faz com facilidades, principalmente quando se trata das pessoas oriundas das camadas populares, dos grupos socialmente excluídos e invisibilizados pela origem, pela cor, pelo território, e que se deseja que esses grupos sejam silenciados. É preciso contar a história para reafirmar a importância de políticas sociais e políticas públicas que contemplem a população no seu conjunto. Para reafirmar a importância dos processos democráticos de participação coletiva que contribuam para efetivação de sonhos sonhados coletivamente de uma sociedade justa, digna e equânime. A luta é permanente”, finalizou a professora Maria Eliete Santiago, que dedicou a honraria aos pais, Glória e Edson.
Algumas passagens da trajetória da nova professora emérita – que tem contribuições à Educação no ensino, pesquisa, extensão e administração universitária – foram citadas pelo professor do Departamento de Ensino e Currículo (DEC) José Batista Neto durante o discurso panegírico. Ele dividiu sua fala em partes, assim nomeadas: “uma docente inquieta e dos movimentos”, “Uma docente em busca de formação permanente”, “Mestra da formação de pedagogas/pedagogos e de pesquisadoras/pesquisadores da Educação” e “Mestra da educação humanizadora”.
Logo no início, o professor José Batista Neto pontuou: “Ao longo de toda sua trajetória profissional, Eliete foi uma profissional inquieta, insatisfeita com o já feito, sedenta de inovação, cuidadosa com os pares, estudantes da Educação Básica e do Ensino Superior. Para isso, precisou quase sempre recorrer à criatividade, mas, antes de tudo, a muito estudo sobre a tarefa profissional que tinha a desempenhar”. Depois, continuou: “Ter olhos para ver e ouvidos para ouvir são qualidades da dialogocidade e estas não faltaram e não faltam à educadora humanizada e humanizadora”.
CERIMONIAL – Além do momento dedicado aos discursos, as cerimônias de outorga de títulos honoríficos, como o de professor emérito, contam com momentos como a formação de uma mesa solene e a condução da pessoa homenageada ao recinto pela comissão de honra.
No caso da professora Maria Eliete Santiago, a comissão foi composta pelos professores do Departamento de Políticas e Gestão da Educação Laeda Machado e Alexandre Simão; da professora do Centro de Educação Tereza Barros; das professoras do Departamento de Ensino e Currículo (DEC) Aida Monteiro e Marília Gabriela de Menezes Guedes; das professoras do Departamento de Psicologia, Inclusão e Educação Lúcia Caraúbas e Célia Salsa; do professor do Departamento de Fundamentos Sociofilosóficos da Educação (DFSF) Sergio Abranches; da coordenadora do curso de Pedagogia Elizabeth Varjal; pela técnica-administrativa em educação da Pró-Reitora de Extensão (Proext) Simone Germano e pela professora do Núcleo de Formação de Docentes Jaqueline Barbosa da Silva, que estava representando o Centro Acadêmico do Agreste (CAA) e os ex-orientandos de Maria Eliete Santiago.
Já a mesa solene foi composta pelo reitor da UFPE Alfredo Gomes; pelo vice-reitor da UFPE Moacyr Araújo; pela vice-diretora do Centro de Educação (CE), Tatiana Araújo; pelo já citado professor José Batista Neto; pela professora emérita e presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Márcia Angela; e pela professora da Faculdade de Direito do Recife (FDR) Liana Cirne, vereadora que em seu mandato propôs o voto de aplauso na Câmara “pelo inúmeros méritos acadêmicos em sua trajetória em defesa de educação libertária e da pedagogia freiriana”. Maria Eliete Santiago foi orientanda do educador e filósofo pernambucano Paulo Freire (1921-1977), Patrono da Educação Brasileira.
Márcia Angela comentou que aquela cerimônia cheia de emoções dizia muito sobre a trajetória de Maria Eliete Santiago, a quem descreveu como uma pessoa doce, comprometida e generosa. Tatiana Araújo agradeceu pelo fato de Eliete ter continuado presente como pesquisadora no Centro de Educação mesmo após a aposentadoria. O reitor Alfredo Gomes e o vice-reitor Moacyr Araújo estabeleceram conexões entre aspectos da trajetória da nova professora emérita e o contexto da fundação do curso de Medicina que a UFPE se prepara para ofertar no âmbito do Pronera.
A Diretoria de Comunicação (Dircom) fez a transmissão ao vivo da cerimônia de outorga do título de Professora Emérita à docente Maria Eliete Santiago por meio do canal da UFPE no YouTube. A soprano Vanessa de Melo Lacerda e o músico Vitor Castanheira (violão) fizeram uma apresentação musical interpretando La Vie en Rose, My Way e a Ave Maria Sertaneja. O evento também contou com o apoio do Núcleo de Acessibilidade da UFPE.
Junto a familiares e amigos de Maria Eliete, estavam na plateia servidores da UFPE pró-reitora de Graduação, Magna Silva; da pró-reitora de Extensão, Conceição Reis; da pró-reitora para Assuntos Estudantis, Cinthia Alves; da diretora do Centro de Biociências (CB), Oliane Magalhães; da diretora do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG), Yêda Almeida; da diretora de Ações Afirmativas, Amanda Ganimo; da diretora do Núcleo de Saúde Pública (Nusp), Socorre Freire; da ex-reitora Florisbela Campos; da coordenadora geral do Núcleo de Acessibilidade (Nace), Irany Cristina. Também foram registradas as presenças do presidente da Adufepe, Ricardo Oliveira; da vice-presidenta do Sintepe, Cíntia Sales; da diretora de Formação Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Ana Abranches; da coordenadora-geral de Cooperação e de estudos de Inovação da Fundaj, Luciana Rosa; da reitora do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), Maria das Graças Soares; e da presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Jaboatão dos Guararapes (Sinproja), Séphora Freitas; da diretora do Centro Paulo Freire de Estudos e Pesquisas, Erivalda Torres; da professora Edvânia Torres, ex-diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH); e do professor emérito Artur Gomes de Morais.
FORMAÇÃO E CONTRIBUIÇÕES – A nova professora emérita ingressou na UFPE em 1995, após aprovação em concurso público para o cargo de professora no Departamento de Administração Escolar e Planejamento Educacional, atual Departamento de Políticas e Gestão da Educação, do Centro de Educação (CE). Em 2009, passou a ser Professora Titular. No âmbito administrativo, exerceu funções estratégicas, incluindo a vice-direção do CE (2008-2012), coordenando iniciativas importantes para a qualificação da formação docente e para a estruturação acadêmica da instituição. Sua aposentadoria ocorreu no dia 9 de maio de 2022, totalizando mais de 26 anos de dedicação à UFPE.
Além de idealizadora da Cátedra Paulo Freire, espaço de estudo e socialização da pedagogia freiriana na UFPE, Maria Eliete Santiago também é uma das responsáveis pela criação do Núcleo de Formação de Professores e Prática Pedagógica, orientando dezenas de dissertações e teses. Ela concluiu o doutorado em Ciências da Educação na Université Paris Descartes – Paris V (1994), o mestrado em Educação: Supervisão e Currículo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987) e a graduação em Pedagogia na UFPE (1971).