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Legado do argentino Tulio Carella é tema de debate no Centro Cultural Benfica
Encontro em torno da vida e obra do autor de “Orgia”, marco na literatura LGBTQIAPN+ na América Latina, ocorre amanhã (27), às 14h

O argentino Tulio Carella (1912-1979) chegou ao Recife em 1960, a convite de Hermilo Borba Filho, para ensinar no curso de teatro da Escola de Belas Artes. No centro da cidade, onde viveu, o intelectual experienciou a capital pernambucana em todas as suas contradições, das belezas às desigualdades sociais, e se lançou em aventuras amorosas e sexuais, principalmente com homens, registradas em diários posteriormente publicados no livro “Orgia”. Para rememorar a importância da passagem do escritor por Pernambuco, foi idealizado o encontro “Entre a cidade e o desejo: Tulio Carella no Recife, 65 anos depois”, neste sábado (27), às 14h, no Centro Cultural Benfica.
A conversa contará com as participações de Alexandre Figueirôa, Anco Márcio Tenório Vieira, Felipe Gonçalves, Márcio Bastos, Moacir Japearson, Renata Pimentel e Rodrigo Dourado e abordará literatura, história, memória, teatro e questões LGBTQIAPN+, entre outros assuntos atravessados pela produção artística, intelectual e pelas vivências de Carella. O local onde o encontro será realizado também evoca a memória de Tulio, pois abrigava a Escola de Música, parte da Escola de Belas Artes da então Universidade do Recife (atual UFPE), onde Carella lecionou – a sede da Escola ficava no prédio em frente, onde atualmente está a Facepe.
A produção artística de Tulio Carella foi intensa e inclui ainda peças, livros de poesia, roteiros de cinema, entre outros, que lhe garantiram um lugar de prestígio na cena artística e cultural de Buenos Aires no seu tempo. O dramaturgo, diretor, pesquisador e poeta foi profundamente afetado por sua estadia no Recife. Além de exercer sua bissexualidade de forma intensa, também abriu novas percepções sobre a cultura e a própria geografia e dinâmica da cidade, registradas tanto em “Orgia” (1968) quanto no livro de poemas “Roteiro Recifense” (1966), ambos publicados pelo amigo Hermilo Borba Filho.
Tulio Carella viveu no Recife entre 1960 e 1961, período de grande agitação política no estado e no Brasil. Sua passagem foi bruscamente interrompida quando foi preso pelas autoridades locais sob suspeita de pertencer a organizações de esquerda. Preso em Fernando de Noronha, foi demitido da universidade e retornou à Argentina. Com a publicação de “Orgia” no Brasil, em 1968, gera um escândalo na sua terra natal e entra em um ostracismo cada vez maior. A obra é atualmente considerada um marco na literatura LGBTQIAPN+ da América Latina.
Em 2011, “Orgia” ganhou nova edição no Brasil, pela editora Opera Prima, e, recentemente, o pesquisador e escritor Álvaro Machado lançou a biografia “Orgia e compadrio: Tulio Carella, drama e revolução na América Latina”, pela Cosac. Em agosto, “Orgia” foi lançado na Argentina, em sua primeira versão em espanhol.
O encontro tem apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por meio da Superintendência de Cultura (Supercult), Centro Cultural Benfica e Instituto de Arte Contemporânea (IAC).