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Pesquisa da UFPE mostra que partículas magnéticas podem “nadar” como bactérias

Trabalho foi publicado em duas revistas na área de Física

Por Petra Pastl

Uma equipe da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fez uma descoberta surpreendente sobre o comportamento de partículas minúsculas chamadas skyrmions, que só podem ser vistas com equipamentos muito sofisticados. A pesquisa, intitulada Emergent Self-Propulsion of Skyrmionic Matter in Synthetic Antiferromagnets (em tradução livre: “Auto-propulsão emergente da matéria de skyrmions em antiferromagnetos sintéticos”), foi desenvolvida pelo professor Clécio Clemente de Souza Silva (Departamento de Física), pelo doutorando Matheus V. Correia (Programa de Pós-Graduação em Física) e pelo professor Juan Carlos Piña Velásquez (Núcleo de Tecnologia do Centro Acadêmico do Agreste/CAA, localizado em Caruaru). 

O estudo foi publicado no dia 18 de agosto deste ano na Physical Review Letters (PRL), uma das revistas científicas mais importantes do mundo na área de física, onde recebeu a distinção de Sugestão do Editor, concedida apenas a trabalhos de impacto excepcional. A descoberta também foi destaque no Physics Magazine, publicação internacional que explica grandes avanços da ciência para a comunidade acadêmica. Para ler os artigos na íntegra, acesse Physical Review Letters e Physics Magazine

De forma simples, os skyrmions são “redemoinhos” de magnetismo que existem dentro de certos materiais. O que os pesquisadores descobriram é que, quando recebem energia, pares desses redemoinhos passam a se mover sozinhos, de maneira parecida com bactérias. Eles se expandem e se contraem, se aproximam e se afastam, e esse movimento faz com que avancem em alta velocidade, mesmo em ambientes “difíceis”, cheios de obstáculos.

O comportamento observado lembra muito a estratégia de algumas bactérias marinhas, que param por um instante, invertem o caminho e depois continuam a se mover, o que as ajuda a explorar melhor o ambiente em busca de recursos. No caso dos skyrmions, esse padrão surge naturalmente, sem que seja preciso programá-los, o que abre um caminho promissor para a criação de nanodispositivos inteligentes — partículas que poderiam, por exemplo, navegar de forma autônoma dentro de materiais ou até mesmo dentro do corpo humano no futuro.

Outro campo que pode se beneficiar dessa descoberta é o da computação neuromórfica, uma tecnologia inspirada no funcionamento do cérebro. Nesse tipo de sistema, informações podem ser processadas com muito menos gasto de energia em comparação com os computadores atuais. O movimento espontâneo e eficiente dos skyrmions poderia ajudar a construir dispositivos que consomem pouca energia e funcionam de forma mais parecida com as redes neurais biológicas.

A pesquisa mostra, portanto, que a natureza ainda é uma grande fonte de inspiração para a ciência. Assim como as bactérias desenvolveram estratégias sofisticadas para sobreviver em ambientes hostis, os skyrmions demonstraram que também conseguem se mover de forma surpreendente, unindo física e biologia em um mesmo avanço científico.

Mais informações
Professor Clécio Clemente de Souza Silva 

clecio.cssilva@ufpe.br

Date of last modification: 29/08/2025, 15:57