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UFPE concede título de Doutor Honoris Causa ao poeta Dedé Monteiro

Dedé Monteiro possui quatro livros autorais publicados, um CD e poemas publicados em obras diversas

O poeta Dedé Monteiro recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na terça-feira (11), com uma cerimônia que transportou a arte do Sertão do Pajeú para o Campus Recife. O Auditório Reitor João Alfredo, localizado no prédio da Reitoria, ficou lotado para a homenagem ao artista nascido em Tabira (PE), que ganhou o apelido de “Papa da Poesia”. Ao longo da tarde, essa forma de expressão também se fez presente nos discursos e nas participações especiais que outros artistas fizeram durante o evento.

O próprio homenageado recorreu aos versos nos agradecimentos feitos pela honraria e às diversas pessoas que fazem parte da sua trajetória – muitas delas estavam presentes na ocasião. “… E o diploma, eu vou expô-lo protegido de ameaça. No paredão das lembranças, que nem tem mofo nem traça. Num lugar que quem chegar vai podê-lo admirar da maneira mais festiva. E se a vida é vela acesa, quando eu fechar minha empresa, parto levando a certeza que a história ficou viva”, declamou Dedé Monteiro, que tem quatro livros autorais publicados – Retalhos do Pajeú (1984), Mais um baú de retalhos (1995), Fim de feira (2006) e Meu quarto baú de rimas (2010) – além do CD de declamação Dedé Monteiro Voz e Amigos (2014) e poemas fazendo parte de outras publicações.

Acesse aqui o álbum de fotos da cerimônia, de autoria de Widma Sandrelly / Ascom UFPE.

Os versos de Fim de Feira foram apresentados na cerimônia pelo músico Paulo Matricó, na companhia de Bruno Lins (vocalista da banda Fim de Feira, cujo nome foi inspirado na obra de Dedé Monteiro). Mas outras criações e passagens da vida do poeta Dedé Monteiro começaram a ser lembradas antes mesmo desse momento artístico, ainda no discurso do professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da UFPE Maurício Assuero, que propôs a concessão da honraria a seu conterrâneo. 

“Dedé é a expressão máxima da poesia da nossa querida Tabira. Nasceu no sítio Barro Branco, no dia 13 de setembro de 1949, batizado como José Rufino da Costa Neto. O ritmo da enxada acabou ditando as métricas das poesias que ele faria no futuro. Mas a origem dessa poesia está nessa primeira cadeira aqui, compondo a comissão de honra de Dedé. Foi a professora Enaide Vidal que, quando ele tinha 15 anos de idade, pediu que os alunos fizessem uma poesia de presente para o Dia das Mães. A partir dali, desencadeou nele essa verve que o acompanha há 60 anos”, recordou o professor Maurício Assuero.

Ele seguiu retomando aspectos da vida do seu ex-professor de Educação Física – “Dedé não se limitou a ensinar, ele compartilhou dedicação, cuidado, atenção – e destacando trechos da produção artística do poeta e de outras contribuições dele para cultura, como a atuação na Associação de Poetas e Prosadores de Tabira (APPTA). “Hoje, a APPTA agrega diversos poetas e prosadores e essas pessoas conseguiram publicar suas obras, participar de eventos, tornarem-se conhecidas na região do Vale do Pajeú. Dedé respira poesia, Dedé transpira poesia, Dedé fala poeticamente. Dedé representa um guia para a nova geração. Dedé é um irmão de todos da minha geração. É uma pessoa que serviu para a gente de exemplo em todas as áreas, como professor, como amigo, como orientador, como companheiro de esporte”.

Outro ex-aluno de Dedé Monteiro que falou durante a cerimônia foi o atual prefeito de Tabira, Flávio Marques (PT), que prestigiou a homenagem junto com a secretária de Cultura, Turismo e Juventude do município, Neide Nascimento. “É com imensa alegria e com profundo sentimento de orgulho que participo desta cerimônia histórica que consagra não apenas um homem, mas todo um povo. Hoje a UFPE, uma das instituições mais respeitadas do País, abre suas portas para reconhecer, por meio do título de Doutor Honoris Causa, o valor imensurável de um tabirense que transcendeu fronteiras com o poder da palavra. Falo não apenas como prefeito de Tabira, mas como filho desta terra que o viu nascer, crescer e ensinar. Uma terra que, ao ouvir o nome de Dedé, ouve ecoar o som da poesia, da esperança e da sabedoria popular. Dedé Monteiro é mais que um poeta, é um educador de almas, um mestre da oralidade, um guardião da cultura nordestina. Por mais de 30 anos, lecionou na Escola Arnaldo Alves Calvalcanti, ensinando muito além dos livros, ensinando a viver, a sentir e a respeitar o Sertão”, afirmou Flávio Marques.

A professora Enaide Vidal pôde falar como testemunha dos primeiros versos escritos pelo agora Doutor Honoris Causa, que também foi agraciado com o título de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco em 2016. “Quando entrei aqui e citaram meu nome, as lágrimas chegaram aos meus olhos com saudade de tudo. Eu me lembrei de Dedé menino, com Dona Olívia e Seu Antônio. Lembrei das aulas que eu dava em Tabira, comecei como professora primária, depois passei a ensinar Português e ainda me meti, com 41 anos, a fazer Direito na UFPE. Naquela antevéspera do Dia das Mães, estávamos estudando poesia e sugeri que eles fizessem versinhos. Quando eles me entregaram, dois poetas saíram na minha frente, eram Dedé e Inês Gomes. Inês não quer fazer poesia, mas ela é uma poeta nata. Eu fiquei impressionada. Me senti como um garimpeiro que está com uma bateia, mexendo, e encontra um brilhante. Eu emprestei alguns livros a Dedé, incentivei e vi brotar essa sumidade que hoje recebe esse título tão bonito, que está todo vestido de azul. Eu agradeço pela oportunidade e estou muito feliz”.

Ao encerrar a solenidade, o reitor Alfredo Gomes pontuou: “Essa riqueza cultural encanta. Foi uma coisa maravilhosa ouvi-los aqui e ver esta admiração pela poesia. A Universidade tem dois tipos de títulos (honoríficos), o de Doutor Honoris Causa é para pessoas de fora da comunidade universitária que, como Dedé Monteiro, têm uma trajetória de contribuição à ciência, à cultura, à arte ou a outra causa e que merecem, portanto, reconhecimento. Aqui, em cada poema recitado, em cada fala recitada, a gente vê muita excelência, muita qualidade”.

PRESENÇAS – O já citado professor Maurício Assuero fez parte da mesa solene da cerimônia – junto ao próprio homenageado Dedé Monteiro, ao reitor da UFPE Alfredo Gomes, à pró-reitora de Pós-Graduação Carol Leandro e à superintendente de Cultura Mariana Brayner. Também integrou a comissão de honra escolhida por Dedé Monteiro para acompanhá-lo na entrada ao auditório para o início da cerimônia. O grupo foi composto ainda pela esposa de Dedé Monteiro, Quitéria Pereira do Nascimento Costa; pelas filhas Catarina do Nascimento Costa e Viviane Cândida Nogueira; e pelos amigos Enaide Vidal, Neide Maria Pereira Barros, Lúcia Maria Pereira do Nascimento, João Veiga Leitão Filho e Joselito Nunes.

A plateia da solenidade contou com a presença da assessora do gabinete da Reitoria da UFPE Paula Albuquerque, dos desembargadores do Tribunal de Justiça de Pernambuco Mozart Pires e Djalma Nogueira e de poetas de diferentes cidades e gerações, como Luna Vitrolira e Antônio Marinho, entre outras pessoas.

O evento foi transmitido ao vivo pela Diretoria de Comunicação (Dircom), da Superintendência de Comunicação (Supercom), por meio do canal da UFPE no YouTube.

Date of last modification: 13/11/2025, 15:57