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Seminário Internacional do GCUB debate inovação, democracia e mudanças climáticas

O evento contou com a participação do vice-reitor Moacyr Araújo em plenária sobre enfrentamento das mudanças climáticas no contexto da COP 30

Por Petra Pastl

Na tarde de quinta-feira (2), o Cais do Sertão, no Recife, recebeu duas sessões plenárias dentro da programação do Seminário do Grupo de Cooperação Internacional de Universidades Brasileiras (GCUB), reunindo lideranças acadêmicas e especialistas internacionais para discutir temas centrais à educação superior contemporânea. As atividades tiveram início às 14h30, com a mesa “Inovação Digital, Democracia e Participação Universitária: experiências internacionais na Era das tecnologias”, e seguiram às 16h, com a sessão “Cooperação Internacional Universitária para o enfrentamento das mudanças climáticas no contexto da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP 30)”, que contou com a participação do vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), professor Moacyr Cunha de Araújo Filho.

A primeira sessão plenária trouxe reflexões sobre o papel da inovação digital como instrumento de democratização e fortalecimento da participação universitária. O debate foi conduzido pela reitora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e integrante da diretoria do GCUB, professora Amali de Angelis Mussi. Compuseram o dispositivo a vice-reitora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Camila Fachin; a representante do Institute for Education for Development (IIED), do Suriname, Marie Levens; e a professora Lidija Kos-Stanišic, da Universidade de Zagreb, na Croácia.

Acesse aqui o álbum de fotos do evento, de autoria de Widma Sandrelly, da Ascom UFPE.

No dispositivo, formado apenas por mulheres, experiências bem diversificadas foram apresentadas. A vice-reitora da UFPR apresentou aplicativo para a comunidade e também a iniciativa de orçamento participativo, o participar.ufpr.br, para atendimento a demandas apontadas pela própria comunidade acadêmica por meio de projetos. Foram aplicados recursos de R$ 1,03 milhão em 34 projetos.

A segunda palestrante, da Universidade de Zagreb, na Croácia, fez relato sobre o processo de digitalização da instituição, que levou para o ambiente digital todos os processos e produção científica. Já a professora de Suriname, ex-ministra de Educação e de Relações Exteriores, apresentou as dificuldades tecnológicas da única universidade do Suriname e do próprio país.

No segundo momento da tarde, a atenção se voltou ao tema das mudanças climáticas e ao papel das universidades no enfrentamento desse desafio global, em preparação para a COP 30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro deste ano. A sessão foi moderada pela vice-reitora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Loiane Prado Verbicaro, e contou com as contribuições do vice-reitor da UFPE, professor Moacyr Araújo; do professor da Universidade Marie-et-Louis-Pasteur (França), Serge Borg; e da secretária-geral da International Association of Universities (IAU), Hilligje van’t Land.

Em sua fala, Moacyr Araújo destacou a relevância da cooperação internacional universitária para a construção de soluções integradas diante da crise climática. O vice-reitor da UFPE ressaltou a necessidade de fortalecer redes acadêmicas capazes de articular ciência, inovação e políticas públicas, em consonância com a agenda da COP 30. Os demais palestrantes também evidenciaram o papel estratégico da educação superior como espaço de diálogo, produção de conhecimento e formação de cidadãos comprometidos com a sustentabilidade.

Araújo destacou as iniciativas de sustentabilidade da Universidade, como a eliminação do plástico descartável e o tratamento de resíduos orgânicos. Ele também mencionou o lançamento da Contribuição Nacionalmente Determinada (da sigla, em inglês, NDC) institucional da UFPE – documento que define metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa por instituições, a exemplo do que já ocorre entre países, em consonância com o Acordo de Paris – e a importância da justiça climática.

“Nós eliminamos todo o plástico descartável, fomos a primeira universidade pública que fez isso no Brasil. A UFPE trata todo o resíduo orgânico, transformando-o em fertilizante e energia (mais de dez toneladas por dia). Lançamos o NDC institucional da UFPE, adequando ao NDC brasileiro, com o objetivo de alcançar balanço zero antes do país em 2040. E não podemos esquecer que a questão climática também é vista como uma questão de justiça, devido à desigualdade na emissão de gases de efeito estufa”, explanou.

O professor Serge Borg, da Universidade Marie-et-Louis-Pasteur, na França, enfatizou a importância do intercâmbio de conhecimento entre o Norte e o Sul, a colaboração em projetos de pesquisa com universidades de diferentes continentes e o diálogo entre ciência e sociedade. Ele destacou o papel das universidades como elo entre a ciência e os tomadores de decisões políticas, fornecendo dados objetivos e avaliando o impacto delas na sociedade. Borg também mencionou a relevância da COP30, que será realizada na Amazônia, para dar destaque às florestas tropicais, à biodiversidade e aos povos indígenas, e a importância de incluir o conhecimento indígena nas negociações.

Durante sua fala, a secretária-geral da IAU destacou a importância de comunicar melhor como podemos aprender uns com os outros para avançar para o futuro. Ela mencionou o poder de convocação das universidades, a necessidade de compartilhar desafios e oportunidades, dados e soluções conjuntas, e de entender as soluções locais que funcionam em diferentes lugares.

Hilligje também enfatizou a importância da mobilidade acadêmica internacional, da cooperação em vez da competição e da necessidade de construir confiança no ensino superior. Também ressaltou a importância de políticas baseadas em evidências, da formação de cidadãos e profissionais, e da necessidade de programas inter e multidisciplinares. Ela mencionou os desafios como a fragmentação de financiamento e a desigualdade de capacidades institucionais, e a importância da ciência aberta e da inclusão de sistemas de conhecimento indígena.

As discussões da tarde reforçaram o compromisso do GCUB e de suas universidades associadas em ampliar o intercâmbio internacional, promover a inovação acadêmica e contribuir ativamente para os debates globais que impactam a sociedade, em especial no que se refere ao futuro da democracia, da ciência e do meio ambiente.

O encerramento das atividades do dia se deu por conta da apresentação cultural do grupo instrumental pernambucano Sagrama (@sagrama.oficial), que foi acompanhado por dois bailarinos profissionais que apresentaram números de danças populares nordestinas, como o maracatu e o frevo.

*Foto de Widma Sandrelly / Ascom UFPE

Date of last modification: 06/10/2025, 17:51