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Modelo de desenvolvimento excludente e insustentável marca agronegócio no Vale do São Francisco, denuncia pesquisa científica em Economia no campus Recife da UFPE

O economista Ielyson Melo atesta, em dissertação do curso de mestrado, que existem modelos conservadores, por exemplo, para aprofundar exploração de mão de obra, concentrar recursos em grandes proprietários e comprometer soberania alimentar na região

Mestre em Economia destrincha processo histórico e exploratório presente no agronegócio

A dissertação “Frutos da exploração: uma análise das relações de trabalho na fruticultura irrigada do Vale do São Francisco”, do economista Ielyson José Rodrigues de Melo, denuncia que, na chamada Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) Petrolina/Juazeiro, o agronegócio exportador atua com um modelo de desenvolvimento que aprofunda a exploração da força de trabalho, estimula a concentração de recursos, compromete a efetivação da justiça social e impossibilita a soberania alimentar no semiárido nordestino.

“O modelo de modernização conservadora do campo brasileiro, impulsionado por políticas estatais, aprofundou desigualdades estruturais ao privilegiar grandes proprietários e grupos empresariais, marginalizando os pequenos produtores e precarizando as condições de trabalho rural. Embora a fruticultura irrigada tenha promovido geração de empregos e incremento das exportações, ela se insere em um modelo de desenvolvimento excludente e insustentável”, explica o trabalho de Ielyson.

O estudo científico contou com as orientações dos professores João Policarpo e Ana Costa e foi desenvolvido durante o curso de mestrado de Melo no Programa de Pós-Graduação em Economia (Pimes), campus Recife da UFPE. Segundo ele, o cenário revela que “aprofunda a exploração da força de trabalho e a concentração de recursos” – e isso compromete “a efetivação da justiça social, da soberania alimentar no semiárido nordestino”, enfatizam os argumentos científicos do trabalho no Pimes.

Para o economista, o seu trabalho se deu a partir de uma abordagem crítica e buscou articular revisão bibliográfica com análises de dados secundários para “compreender as contradições entre o crescimento econômico impulsionado pelo agronegócio exportador e os impactos sociais e trabalhistas observados na região estudada”, ressalta. Além disso, Ielyson argumenta que o processo colonizador se faz notar nessa dinâmica desenvolvimentista no Brasil.

“A modernização técnica, financiada pelo Estado e orientada pelo modelo de agronegócio exportador, manteve estruturas históricas do setor agrário brasileiro. Desde o período colonial, o setor agrário no Brasil tem sido caracterizado por uma acentuada concentração fundiária, com vastas extensões de terra controladas por uma elite, enquanto pequenos produtores e trabalhadores rurais permanecem excluídos”, afirma.

 

De acordo com a dissertação de Ielyson, por exemplo, a exploração da força de trabalho, no campo, possui diferentes formas: do trabalho escravizado que chega à precarização contemporânea com o suposto trabalho assalariado. O pesquisador argumenta que essa perspectiva reflete na dinâmica de continuidade do processo de subordinação estrutural do chamado capitalismo global.

 

“Na RIDE Petrolina/Juazeiro, o avanço tecnológico e a integração ao mercado global transformaram a região em um polo de exportação de frutas. No entanto, esses progressos não romperam com os padrões históricos de concentração de terras, dependência de mercados externos e exploração da mão de obra. O trabalho assalariado, embora formalizado, permanece caracterizado por baixos rendimentos e condições precárias (...) o crescimento econômico regional não se traduziu em melhores condições de vida para a maioria dos trabalhadores”, reforça o economista.

 

Segundo Ielyson, é evidente, na estrutura fundiária e nas condições de trabalho da região, a continuidade de dinâmicas históricas. O autor cita: em Juazeiro, na Bahia, grandes propriedades (acima de 1.000 hectares) concentram 44% da área agrícola e representam apenas 0,8% do total; e, no município de Petrolina, em Pernambuco, há concentração de grandes propriedades em 23% das terras e elas representam somente 0,3% dos imóveis rurais na localidade.  

 

“Essa concentração fundiária se traduz em um modelo produtivo voltado para o mercado externo, onde a produção agrícola atende prioritariamente demandas internacionais. Apesar do crescimento econômico da região – refletido no aumento do PIB, da área cultivada e das exportações – os trabalhadores rurais permanecem em condições precárias. Os salários (majoritariamente abaixo de 1,5 salário mínimo) e a deterioração do poder aquisitivo evidenciam que o dinamismo econômico beneficia as elites locais, sem gerar melhorias significativas na qualidade de vida dos trabalhadores”, salienta o trabalho do economista.

 

Outras constatações presentes na pesquisa científica de Ielyson foram: o Estado brasileiro, ao investir na infraestrutura hídrica, favoreceu grandes propriedades, onde se localizaram as empresas do setor; há aumento da exclusão de pequenos agricultores e perpetuação da marginalização deles no acesso à água para irrigação; e, o processo de “modernização” pode ser compreendido como uma reconfiguração das formas históricas de exploração, que perpetuam a dependência estrutural do Brasil no sistema capitalista global.

 

Mais informações

ielyson.melo@ufpe.br

 

Date of last modification: 15/10/2025, 07:50

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