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UFPE participa de expedição científica inédita que estudará efeitos das bacias hidrográficas brasileiras no Atlântico

A Universidade coordena a expedição no Nordeste, que vai analisar a influência do Rio São Francisco no oceano

O Navio-Laboratório de Ensino Flutuante (LEF) Ciências do Mar IV, sediado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), partiu na manhã de ontem (quinta, 18) do Porto do Recife para participar de uma das expedições científicas simultâneas que percorrerão a plataforma continental brasileira, coordenadas por universidades de diferentes regiões do país. Serão 10 dias de expedição, que tem como objetivo principal investigar a influência de grandes estuários e massas de água continentais sobre o ambiente marinho e sua biodiversidade, desde microrganismos até megafauna. A iniciativa é coordenada pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) e conta com a participação de diversas instituições de pesquisa, consolidando um esforço colaborativo para avançar no conhecimento científico sobre o oceano brasileiro e sua biodiversidade.

Os dados coletados serão padronizados e integrados em um banco de dados único, facilitando a análise e comparação de informações biológicas e oceanográficas. A navegação e pontos de coletas (ou estações oceanográficas) foram planejados para estudar a influência da Lagoa dos Patos, na Região Sul; Baía de Guanabara, na Região Sudeste; Rio São Francisco, na Região Nordeste; e a Foz do Rio Amazonas, na Região Norte. A pesquisa abrangerá diferentes aspectos, desde a análise das propriedades físicas da água do mar (temperatura, salinidade, profundidade) até o estudo da biodiversidade bentônica e pelágica, incluindo observação de cetáceos e aves marinhas. Os dados coletados serão cruciais para o entendimento dos ecossistemas costeiros brasileiros e a gestão sustentável dos recursos marinhos.

O coordenador científico da expedição na região Nordeste é o professor Mauro Maida, do Departamento de Oceanografia da UFPE. Ele explica que a Universidade é parte integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade da Amazônia Azul (INCT-BAA), projeto que engloba várias universidades no Brasil e também colabora com a iniciativa. Ele conta que a expedição irá percorrer a área que vai do sul de Maceió até o sul de Aracajú e irá fazer amostragens oceanográficas da costa até a quebra da plataforma continental. “Esse navio vai amostrar de 20 metros de profundidade até 500 metros de profundidade. Inclusive, nós vamos estudar os canais que o São Francisco fez na plataforma continental quando o nível do mar era muito mais baixo. Você tem todo o canal do São Francisco que está esculpido na plataforma continental”, descreve. 

Mauro explica que na expedição serão estudados vários aspectos marinhos e como essas pesquisas podem ter aplicação na prática. “Por exemplo, tem um grupo que vai fazer observação de cetáceos, de baleias, golfinhos, outro grupo que vai fazer observação de aves, tudo isso para compor as espécies que visitam a nossa costa, a nossa biodiversidade marinha. Tem o pessoal que vai estudar os micro-organismos marinhos, o plâncton, o fitoplâncton, que são grandes responsáveis pela produção de oxigênio no planeta e a absorção do carbono. Esses estudos são importantíssimos para a gente entender como anda o processo de mudança climática. E, com esses cruzeiros, que vão ser repetidos ao longo do tempo, a gente vai ter uma boa noção do que está acontecendo no mar em relação às mudanças climáticas”, prevê o pesquisador. 

Para coletar dados precisos e abrangentes, a expedição utiliza uma variedade de equipamentos de ponta, como o CTD & Roseta, que mede a condutividade, temperatura e profundidade da água, além de coletar amostras para análise. Redes de plâncton são utilizadas para estudar a base da cadeia alimentar marinha, enquanto equipamentos acústicos mapeiam o fundo do mar e identificam a presença de organismos. Coletores de material do fundo marinho e câmeras subaquáticas complementam a coleta de dados, permitindo uma análise completa do ambiente marinho.

Data da última modificação: 19/09/2025, 17:37