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Expedição científica pesquisará plataforma continental do Sul, Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil
A coordenação científica da expedição na região Nordeste é do professor Mauro Maida, do Departamento de Oceanografia da UFPE

Universidades que atuam nas ciências do mar em cada uma das quatro regiões costeiras do País coordenam, a partir deste mês, quatro expedições científicas simultâneas na plataforma continental do Sul, Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil. No Nordeste, a ação tem início na próxima quinta-feira (18), com partida às 9h do Porto do Recife, e conta com suporte do Navio-Laboratório de Ensino Flutuante (LEF) Ciências do Mar IV, sediado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A coordenação científica da expedição na região Nordeste é do professor Mauro Maida, do Departamento de Oceanografia da UFPE, junto com Pedro Augusto Mendes de Castro Melo e Roberto Lima Barcellos, também docentes do Departamento de Oceanografia. A ação é desenvolvida no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), órgão do governo brasileiro para a coordenação das políticas costeiras e marítimas, e vai durar dez dias.
Integram ainda os cruzeiros científicos sinóticos os LEFs Ciências do Mar I e II, sob responsabilidade de gestão, respectivamente, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com saída do Porto de Rio Grande (RS), também no dia 18; e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com saída do Porto de Belém (PA) em data a confirmar. Para o Sudeste, devido à inviabilidade do Ciências do Mar III para o cruzeiro, a Marinha do Brasil disponibilizou o Navio Graça Aranha, cuja saída da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), localizada em Niterói (RJ), ocorreu nesta segunda-feira (15).
O objetivo dos cruzeiros científicos sinóticos é estudar a influência de grandes estuários e massas d’águas continentais no ambiente marinho e sua biodiversidade. Para atingir esse objetivo, a navegação e pontos de coletas (ou estações oceanográficas) foram planejados para estudar a influência da Lagoa dos Patos, na Região Sul; Baía de Guanabara, na Região Sudeste; Rio São Francisco, na Região Nordeste; e a Foz do Rio Amazonas, na Região Norte.
Os pesquisadores realizarão coletas semelhantes e padronizadas, estudando não somente a biodiversidade – de microrganismos a megafauna –, mas também as características oceanográficas do ambiente marinho. Os dados coletados serão depositados e integrados em um banco de dados único em parceria com o Programa Revimar, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e serão analisados em diversos laboratórios das instituições partícipes do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade da Amazônia Azul (INCT-BAA). Este banco de dados multiusuários facilitará o cruzamento e comparação de todos os dados coletados durante os cruzeiros, permitindo a integração de diversos dados biológicos e oceanográficos.
Equipamentos e coletas de pesquisa dos cruzeiros sinóticos
CTD & Roseta
CTD (Conductivity, Temperature and Depth) é um dos principais equipamentos oceanográficos usados para estudar as propriedades físicas da água do mar. Os principais dados coletados pelos sensores do CTD são temperatura, profundidade e salinidade (pela condutividade).
Redes para fitoplâncton e zooplâncton
As redes de plâncton consistem em malhas de nylon ou outro material, com aberturas bastante pequenas (menores do que 1mm), que filtram a água e retêm organismos microscópicos (fitoplâncton e zooplâncton). Elas possuem o formato de um cone com um copo coletor no final onde ficam os organismos coletados. Os pesquisadores recolhem estes copos coletores com as amostras para armazená-las a bordo e posteriormente analisarem em seus laboratórios.
Equipamentos acústicos (hidroacústica)
Este equipamento usa o som subaquático para estudar o oceano. Nos navios de pesquisa, ela é essencial porque o som se propaga muito melhor na água do que no ar, permitindo “enxergar” o fundo marinho e também organismos na coluna d’água. a pesquisa hidroacústica em navios é como “usar os ouvidos para ver debaixo d’água”. Ela permite desde mapear o fundo e o subsolo, até detectar organismos vivos e monitorar o som ambiente.
Equipamentos para coletar material do fundo marinho (Box corer, van Veen, dragas)
São ferramentas clássicas da oceanografia geológica (e também usadas em ecologia bentônica), porque permitem coletar sedimentos de fundo marinho. O Box corer é um amostrador em forma de caixa (geralmente metálica, quadrada ou retangular) que desce fechado e, ao tocar o fundo, corta um bloco de sedimento. O van Veen é uma garra metálica articulada, que se fecha ao tocar o fundo e “morde” o sedimento para coletar sedimentos superficiais do fundo. A draga é um equipamento com estrutura metálica aberta, puxado pelo navio sobre o fundo.
Towed câmera (câmera subaquática rebocada) e BRUVs
Tanto a câmera subaquática rebocada (Towed Camera) quanto os BRUVs (Baited Remote Underwater Video Systems) são tecnologias modernas de amostragem visual usadas em ecologia marinha e monitoramento de habitats. Elas permitem observar organismos in situ, sem a coleta direta. O Towed Camera é um Sistema de câmeras (às vezes com sensores adicionais, como luzes, lasers de escala, sondas de profundidade e posição) montado numa estrutura rebocada atrás do navio. O BRUVs é uma estrutura com câmera subaquática fixa (ou múltiplas câmeras em 360°), posicionada no fundo ou na coluna d’água.
Observação de cetáceos e aves marinhas
Observadores treinados usam binóculos, câmeras e protocolos padronizados registrando espécie, número de indivíduos, comportamento, posição geográfica, condições ambientais (mar, vento, visibilidade), entre outros. Nos cruzeiros, será usada a metodologia dos transectos lineares, onde o navio segue rotas definidas e registra cetáceos e aves observados, útil para estimativas populacionais.
Censo de atividades pesqueira
Um observador a bordo realiza o levantamento das atividades pesqueiras (incluindo número e localização das embarcações, arte de pesca, e, eventualmente, as espécies-alvo das pescarias) durante a navegação na área de estudo.