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Artigo aborda composição florística e distribuição de samambaias e licófitas na Floresta Atlântica Nordestina
Os pesquisadores analisaram 57 áreas, sendo 26 Brejos de Altitude e 31 florestas costeiras

A composição florística de samambaias e licófitas não reflete as diferenças nos fatores ambientais entre florestas úmidas montanhosas do interior e florestas costeiras de Floresta Atlântica Nordestina. É o que aponta o artigo “Blowin' in the Wind: Ferns and Lycophytes Connect Biogeographic Refuges in the Atlantic Forest”, que tem autoria de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O trabalho foi publicado, este mês, no Journal of Biogeography (scopus 89% - A1), um dos periódicos mais relevantes da Biogeografia do mundo.
O artigo investiga se os centros de endemismo da Floresta Atlântica Nordestina possuem uma estruturação conforme a composição de samambaias e licófitas. Foram analisadas as sub-regiões desse bioma chamadas Brejos de Altitude e Centro de Endemismo Pernambuco. Elas correspondem à porção ao norte do Rio São Francisco da Floresta Atlântica, que abrange os estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, tendo sido analisadas 57 áreas, sendo 26 Brejos de Altitude e 31 florestas costeiras.
“Os Brejos Nordestinos, também chamados de Brejos de Altitude, são áreas que funcionam como ‘ilhas’ de floresta úmida rodeadas pelo semiárido da Caatinga com altitude acima de 600 metros. Já o Centro de Endemismo Pernambuco corresponde às florestas costeiras que vão de Alagoas até o Rio Grande do Norte”, explica D. Victor Souza e Silva, autor principal do artigo e mestrando em Biologia Vegetal na UFPE.
Também assinam o trabalho o professor Augusto César Pessôa Santiago (orientador), do Núcleo de Biologia do Centro Acadêmico de Vitória - CAV/UFPE; a professora Thaís Elias Almeida (coorientadora), do Departamento de Botânica do Centro de Biociências (CB)/UFPE, Campus Recife; a professora Mércia Patrícia Pereira Silva, do Departamento de Botânica do CB/UFPE; e Lucas Vieira Lima, vinculado à Universidade Regional de Blumenau (Furb), em Santa Catarina.
Para realizar o estudo, os pesquisadores utilizaram dados de registros de ocorrência de espécies e dados de variáveis ambientais que estão disponíveis em bancos de dados públicos. Também foram feitas visitas aos principais herbários (coleções botânicas) do Nordeste para confirmar a identificação das espécies estudadas. “Usamos análises estatísticas e de modelagem para comparar a composição de espécies entre as sub-regiões da Floresta Atlântica e verificar quais fatores do ambiente influenciam a distribuição dessas plantas”, detalha Silva.
A pesquisa reuniu dados de 57 remanescentes florestais e registrou 307 espécies de samambaias e licófitas, mostrando que mais de 70% delas ocorrem em ambas as sub-regiões de endemismo da Floresta Atlântica Nordestina (Brejos Nordestinos e Centro de Endemismo Pernambuco). Apesar de diferenças ambientais entre essas áreas, a composição de espécies não se mostrou segregada, indicando que a dispersão à longa distância dos esporos e a história biogeográfica da região promovem uma alta conectividade entre os refúgios.
Os resultados obtidos contrastam com estudos de outros grupos vegetais e zoológicos, o que reforça que samambaias e licófitas são fundamentais para entender os processos de colonização, conectividade e conservação da Floresta Atlântica especialmente em sua porção nordestina, uma das mais ameaçadas do bioma. “O trabalho ajuda a entender a história biogeográfica da Floresta Atlântica e mostra que samambaias e licófitas podem manter a conectividade entre fragmentos distantes, indicando que esses grupos funcionam como um elo entre diferentes refúgios de biodiversidade”, reforça Silva.
O artigo é fruto de pesquisa de iniciação científica voluntária realizada, em 2023 e 2024, por D. Victor Souza e Silva, então aluno da Licenciatura em Ciências Biológicas da UFPE, sob orientação do professor Augusto César Pessôa Santiago.
Mais informações
D. Victor Souza e Silva
dennys.victor@ufpe.br
Laboratório de Evolução de Samambaias e Licófitas
Instagram @labevo.fern
labevol.samambaias@ufpe.br